A dor e o desafio de lidar com o endividamento

mariamanso Finanças Leave a Comment

Hoje estamos no Brasil com mais de 60 milhões de endividados. Segundo última Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor – PEIC / CNC indica que 58,7% das famílias brasileiras possuem dívidas. Apesar de estarmos atravessando uma crise econômica, com altas taxas de desemprego, podemos notar que, geralmente, a principal causa desses endividamentos é a falta de planejamento e a dificuldade de fazer boas escolhas. Mas claro, em momentos de crise, as coisas só pioram e precisamos estar atentos para não entrarmos na bola de neve do endividamento.

Durante os meus processos de coaching de finanças e planejamento financeiro, percebo como muitos enfrentam a dor de encarar o desafio de lidar com as finanças, principalmente em situações de endividamentos. Muitas pessoas perdem o controle financeiro, caem nas armadilhas dos bancos e dos cartões de créditos, entram numa bola de neve e quando percebem já se encontram numa situação complicada. E essa situação pode, muitas vezes, causar sentimentos de vergonha, culpa, medo, insegurança e até desespero, levando a problemas de ansiedade, insônia e até depressão.

Existem vários fatores que levam a uma vida financeira desequilibrada como: falta de educação financeira, conflito de interesse do sistema, crenças e valores da cultura que vivemos, e em alguns casos de patologia como a oniomania (doença do consumista).

Nós não fomos educados e nem treinados para lidar com as nossas finanças, ou pelo menos a maioria de nós. Estamos numa cultura que, o assunto sobre dinheiro, na maioria das vezes, não é bem vindo numa roda de amigos. Muitos de nós fomos doutrinados em religiões que pregam que o dinheiro não traz felicidade ou que o dinheiro é sujo.

Além disso estamos num sistema capitalista que nos bombardeia o tempo todo para um consumismo desenfreado. O pessoal do marketing aproveita, e muito bem, das nossas fraquezas emocionais para nos vender, o tempo todo, e muitas vezes, não aquilo que precisamos mas aquilo que eles nos convencem que nos será necessário.

Somos educados com crenças que nos limitam, que nos fazem conformar com uma situação de escassez, que nos fazem acreditar que a vida é difícil mesmo, que temos que trabalhar duro, e se não nascemos numa família afortunada, só nos resta aceitar uma vida limitada.

Bom, mas diante desse fato, não adianta ficarmos culpando a crise, a educação, o governo, os pais ou outros fatores externos. O melhor a fazer é, trazer para nós a responsabilidade e nos apropriar de nossa vida financeira. Buscar uma clareza da situação, avaliar caminhos para reduzir despesas e/ou aumentar receitas e principalmente avaliar e trabalhar a nossa relação emocional com o dinheiro.

Talvez, o ponto mais importante é você acreditar que indiferente da situação que você se encontra, é possível você se apropriar de sua vida financeira. Trabalhar na construção de uma vida mais próspera focada na realização dos seus sonhos.

Mas lembre-se: Não existe fórmula mágica, mas existe uma coisa chamada processo. Em momentos de dores, podemos até buscar um analgésico, um paliativo, ou seja, em momentos de dívidas, fazer um empréstimo para quitar outro, pode até resolver a angústia naquele momento, mas para criar uma vida financeiramente saudável é necessário ir à raiz do problema, entender como sua mente funciona em relação ao dinheiro, descobrir o seu modelo de dinheiro, se apropriar da sua vida financeira, planejar, executar e ajustar o tempo todo.

Importante não focar somente na solução imediata, pense daqui 5, 10, ou 20 anos e avalie: hoje você está vivendo dentro de um padrão de vida economicamente sustentável? Se a resposta for não, talvez chegou a hora de você encarar o desafio de se apropriar da sua administração financeira, e se for necessário, busque ajuda.